O mundo que prima pelas inovações tecnológicas muitas vezes não cede espaço para o saudosismo de quem superestima coisas antigas. Fazendo parte deste mundo, em plena era do CD, DVD e MP3, me causou estranheza receber de presente do meu tio uma vitrola. Não que eu quisesse assumir o papel de vanguardista incondicional, mas estava acostumado a caminhar paralelamente ao que de mais inovador acontecia no mercado tecnológico.
Além de um tanto antiga, a vitrola apresentava certas características que denunciavam os vários anos de uso. Arranhões ela tinha desde o tampão do toca-discos até o revestimento de madeira nas laterais, peculiar nos aparelhos elétricos de antigamente.
Posso dizer que o primeiro contato com a vitrola não foi dos mais familiares, tendo em vista minha inabilidade em manusear um aparelho que não possui controle remoto. Olhei-a de cima abaixo e, na tentativa de encontrar nela alguma serventia, comecei a pressionar botão por botão para tentar abrir a tampa do toca-discos. Em lugar de algumas teclas havia pregadores de roupa.
O leitor já deve ter presumido que eu não achei a dita tecla, pois ela inexiste nessas peças raras. Não são nossos modernos microsystens, que ao simples toque de um pequenino botão de nome 'Open', a bandeja de CDs se abre automaticamente para que coloquemos os discos compactos. No caso de minha relíquia, o 'Open' era a minha força braçal. Ao abrir o tampão, tamanha era a poeira que logo me veio o primeiro espirro. Coloquei o vinil na vitrola e a liguei. Um estrondo vindo das caixas de som me fez pensar que havia estourado os tímpanos.
Ajustei diversas vezes a agulha no vinil, esperançoso de que aquela geringonça produzisse algo consoante aos meus ouvidos, porém só o que ouvia era um chiado infernal. É bem verdade que o presente de grego que me fora concedido não duraria lá muito tempo. Na iminência de arremessálo pela janela, resolvi procurar a assistência técnica a fim de descobrir se havia salvação para ele. Após um breve exame, o técnico não teve dificuldades em detectar o problema: a agulha, enferrujada e coberta por uma fita isolante para lhe assegurar a sustentabilidade, não funcionava mais com a mesma eficácia.
Apesar de a agulha não ter sido o único problema e a substituição provavelmente ter me custado mais do que a própria vitrola, já se tornava uma questão de honra fazê-la ao menos produzir alguns instantes de consonância.
Todo o empecilho de ouvir música na vitrola despertou em mim certa ansiedade em vê-la funcionar. Novamente pequei o viniu e o coloquei no toca-discos. Ajeitei a agulha e apertei o pregador para começar a ouvir música.
Finalmente jurássico aparelho apresentava indícios de utilidade, que pouco tempo depois se esvaneceram com o surgimento de outros defeitos, tornando-se impossível o conserto.
Continuo a consumir vorazmente as novidades do mercado tecnológico, mas ainda hoje me lembro do saudoso chiadinho da estimável vitrola minha vitrola.
Além de um tanto antiga, a vitrola apresentava certas características que denunciavam os vários anos de uso. Arranhões ela tinha desde o tampão do toca-discos até o revestimento de madeira nas laterais, peculiar nos aparelhos elétricos de antigamente.
Posso dizer que o primeiro contato com a vitrola não foi dos mais familiares, tendo em vista minha inabilidade em manusear um aparelho que não possui controle remoto. Olhei-a de cima abaixo e, na tentativa de encontrar nela alguma serventia, comecei a pressionar botão por botão para tentar abrir a tampa do toca-discos. Em lugar de algumas teclas havia pregadores de roupa.
O leitor já deve ter presumido que eu não achei a dita tecla, pois ela inexiste nessas peças raras. Não são nossos modernos microsystens, que ao simples toque de um pequenino botão de nome 'Open', a bandeja de CDs se abre automaticamente para que coloquemos os discos compactos. No caso de minha relíquia, o 'Open' era a minha força braçal. Ao abrir o tampão, tamanha era a poeira que logo me veio o primeiro espirro. Coloquei o vinil na vitrola e a liguei. Um estrondo vindo das caixas de som me fez pensar que havia estourado os tímpanos.
Ajustei diversas vezes a agulha no vinil, esperançoso de que aquela geringonça produzisse algo consoante aos meus ouvidos, porém só o que ouvia era um chiado infernal. É bem verdade que o presente de grego que me fora concedido não duraria lá muito tempo. Na iminência de arremessálo pela janela, resolvi procurar a assistência técnica a fim de descobrir se havia salvação para ele. Após um breve exame, o técnico não teve dificuldades em detectar o problema: a agulha, enferrujada e coberta por uma fita isolante para lhe assegurar a sustentabilidade, não funcionava mais com a mesma eficácia.
Apesar de a agulha não ter sido o único problema e a substituição provavelmente ter me custado mais do que a própria vitrola, já se tornava uma questão de honra fazê-la ao menos produzir alguns instantes de consonância.
Todo o empecilho de ouvir música na vitrola despertou em mim certa ansiedade em vê-la funcionar. Novamente pequei o viniu e o coloquei no toca-discos. Ajeitei a agulha e apertei o pregador para começar a ouvir música.
Finalmente jurássico aparelho apresentava indícios de utilidade, que pouco tempo depois se esvaneceram com o surgimento de outros defeitos, tornando-se impossível o conserto.
Continuo a consumir vorazmente as novidades do mercado tecnológico, mas ainda hoje me lembro do saudoso chiadinho da estimável vitrola minha vitrola.